O Perigo Escondido nos Contratos Que Dizem Usar o Método Price — Mas Reajustam as Parcelas Pelo Método Gradiente

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Introdução

Imagine uma situação muito comum no mercado imobiliário:
O cliente vê um lote anunciado por R$ 80.000,00 à vista, mas como não pode pagar tudo de uma vez, aceita financiar em 180 meses. A parcela inicial fica por volta de R$ 960,00, um valor que, no primeiro momento, parece compatível com a renda familiar.

No contrato está escrito que:

  • a taxa é de 1% ao mês,
  • o cálculo foi feito pelo método Price, e
  • haverá “reajuste anual” conforme “IGP-M + juros de 0,4% ao mês”.

No papel, parece normal.
Na prática, não é.

Esse é exatamente o tipo de combinação que transforma contratos comuns em verdadeiras bombas financeiras — e muitos consumidores só percebem quando já estão afundados em parcelas impagáveis.


📌 É comum um contrato dizer que usa o método Price, mas aplicar gradiente escondido?

Infelizmente, sim.
E isso acontece porque muitos financiamentos feitos fora do Sistema Financeiro Nacional misturam dois mundos:

  • o discurso do Price, para parecer seguro;
  • e o método gradiente, para aumentar o valor das parcelas ao longo do tempo.

Essa mistura gera uma progressão que não é explicada ao consumidor.


📌 Qual é o problema dessa combinação?

O problema é que o método Price NÃO convivem com:

  • aumento anual sobre as parcelas,
  • reajuste progressivo,
  • aplicação simultânea de indexadores e juros.

Quando isso acontece, o contrato deixa de ser Price e passa a ser capitalização composta disfarçada, somada a um gradiente anual.

O resultado?
O consumidor paga muito mais do que o dobro — ou até o triplo — do valor real do imóvel.


📌 Quanto um financiamento assim pode custar no final? (Cálculo real baseado no caso apresentado)

Vamos usar exatamente os dados iniciais:

  • Valor do lote à vista: R$ 80.000,00
  • Parcelamento: 180 vezes
  • Parcela inicial: R$ 960,00
  • Declaração contratual: 1% ao mês pelo método Price
  • Reajuste anual: IGP-M + juros de 0,4% ao mês
  • IGP-M fixo considerado: 0,45% ao mês

🔎 Resultado da projeção:

➡️ O lote originalmente anunciado por R$ 80.000,00 termina custando aproximadamente R$ 311.000,00 ao final dos 180 meses.

E aqui está o ponto mais chocante:

📌 Somente de juros e reajustes, o consumidor paga mais de R$ 230.000,00.
📌 Isso é quase quatro vezes o valor do lote à vista.

É exatamente aqui que o sonho vira preocupação.
E isso explica por que tantos clientes procuram um advogado para revisão de juros e contratos imobiliários depois de alguns anos — quando percebem que o valor pago não faz sentido.

Se quiser entender o seu caso específico, mande o seu contrato agora (botão).


📌 Mas se está no contrato, é legal?

Nem sempre.

Empresas que não fazem parte do Sistema Financeiro Nacional:

  • não podem aplicar certas estruturas de juros;
  • não podem combinar Price + gradiente;
  • não podem impor aumentos progressivos sem justificativa técnica;
  • não podem cobrar taxas disfarçadas de indexadores.

Ou seja:

📌 O simples fato de estar escrito não significa que é legal.

É justamente aí que surgem cláusulas abusivas e cobranças indevidas.


📌 Como o consumidor pode identificar se está pagando juros abusivos?

Alguns sinais aparecem rapidamente:

  • saldo devedor que cresce em vez de diminuir;
  • parcelas que aumentam muito acima da inflação;
  • previsão de pagamento total muito superior ao valor do imóvel;
  • cláusulas usando palavras como “reajuste progressivo”, “acréscimo anual”, “coeficiente gradiente”, “tabela price”;
  • falta de transparência sobre como o valor final será calculado.

Se você identificou um ou mais desses pontos, é importante procurar orientação especializada.


📌 O contrato pode ser revisado?

Sim.

Quando existe:

  • capitalização excessiva,
  • aumento não autorizado,
  • uso indevido de indexadores,
  • aumento progressivo sem base jurídica,
  • cobrança indevida,
  • mistura de métodos financeiros incompatíveis,

Existe fundamento técnico e jurídico para pedir revisão?

Um advogado especializado pode verificar:

  • se o contrato aplicou juros além do permitido;
  • se as parcelas foram calculadas corretamente;
  • se houve abusos escondidos;
  • se é melhor renegociar, quitar com desconto ou entrar com ação;
  • se é possível recuperar valores pagos a mais.

📌 Qual é o risco de continuar pagando sem revisar?

Os principais riscos são:

  • pagar até quatro vezes o valor do imóvel;
  • comprometer a renda familiar por anos;
  • perder o lote em caso de inadimplência;
  • absorver um financiamento impagável;
  • ter prejuízo irreversível na hora de fazer distrato.

Esse é o tipo de decisão financeira que define o futuro da família — e que merece ser analisada com cuidado.


Conclusão

Contratos que declaram “método Price” e, ao mesmo tempo, impõem reajustes progressivos, IGP-M anual e juros sobre juros criam um cenário que o consumidor comum não tem obrigação de entender.

O resultado é um compromisso financeiro que foge completamente do que foi prometido, do que é razoável e do que é permitido juridicamente.

Se o seu contrato parece confuso, se as parcelas aumentam sem explicação ou se o valor final parece absurdo, vale a pena pedir análise técnica.

Mande seu Contrato Agora!!!!!


Sobre o Autor

Cleverson Giovanni Bertotti, advogado inscrito na OAB/PR nº 64.804, atua desde 2012 com foco em Direito Bancário e Imobiliário.
Especialista em revisão de contratos financeiros, possui diversos cursos de perícia bancária e já ajudou centenas de consumidores a enfrentar juros abusivos e dívidas bancárias em todo o país.

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