Cuidados ao Comprar o Seu Apartamento na Planta: Perguntas e Respostas que Evitam Dores de Cabeça

Compartilhe:

Comprar um apartamento na planta direto com a construtora parece o caminho mais fácil, mais rápido e, muitas vezes, mais barato.

Entrada facilitada, parcelas pequenas no começo, discurso de que “não tem juros” e de que “o imóvel valoriza até a entrega”.

Mas por trás dessa promessa, pode estar escondido um contrato financeiro pesado, com juros abusivos, capitalização ilegal e cláusulas que te prendem por anos — pagando mais do que imagina.

Se você está prestes a comprar seu imóvel na planta, leia essas perguntas e respostas antes de assinar qualquer contrato.


Comprar direto da construtora é mais vantajoso do que financiar com banco?

Nem sempre.

Ao comprar direto da construtora, você não está protegido pelas regras do Sistema Financeiro Nacional (como ocorre com bancos).

O que isso significa na prática?

  • A construtora pode incluir juros remuneratórios elevados;
  • Pode usar IGP-M + juros mensais para reajustar parcelas;
  • Pode aplicar juros compostos (capitalizados) — o que é proibido, mas acontece com frequência;
  • E ainda não segue as normas da Caixa ou do Bacen.

📌 O contrato imobiliário direto com a construtora é um contrato financeiro disfarçado. E exige atenção redobrada.


O contrato pode prever reajuste nas parcelas mesmo com o imóvel em construção?

Sim — e quase sempre prevê.

O problema é quando o reajuste é desproporcional ou combinado com juros, como:

  • IGP-M + 1% ao mês (ou mais);
  • Ou INCC + juros remuneratórios, mês a mês.

Resultado?

📌 As parcelas sobem todo mês. Seu salário não.

Depois de 1 ou 2 anos, a parcela que “cabia no bolso” já virou um problema real no seu orçamento. E você mal consegue entender o motivo.


E os juros? É verdade que não tem?

Se o vendedor disse que “não tem juros”, desconfie imediatamente.

É comum que os juros estejam embutidos na fórmula de reajuste ou no saldo devedor.

Quando a construtora usa Tabela Price, SAC ou parcelas fixas, sem informar o valor total a pagar com e sem financiamento, está escondendo o custo real do imóvel.

Isso fere diretamente o Código de Defesa do Consumidor, que obriga o fornecedor a informar:

V – a soma total a pagar, com e sem financiamento.

📌 Essa omissão é sinal de contrato abusivo — e pode ser questionada judicialmente.


O que acontece se o apartamento atrasar?

Você continua pagando — mesmo sem receber o imóvel.

Pior: muitas vezes, continua pagando com juros e reajuste.

📌 Já atendemos casos em que o atraso foi de mais de um ano, e o consumidor pagou multas, correções e juros compostos sobre um imóvel que nem foi entregue.

Você pode até receber uma multa da construtora no final, mas isso não compensa o dano financeiro causado ao longo do tempo.


Entrada facilitada e parcelas pequenas: é vantagem ou armadilha?

Na maioria das vezes, é armadilha.

Parcelas que começam em R$ 399,00 podem chegar a R$ 1.500,00 em poucos anos — por causa dos reajustes mensais e da capitalização de juros.

Lembre-se: nada é de graça.
Se a entrada está “facilitada demais”, alguém vai pagar essa conta — e normalmente é você.


Como evitar cair em um contrato financeiro abusivo?

📌 Antes de assinar o contrato do apartamento na planta:

  1. Leia com atenção o índice de reajuste e se há juros mensais embutidos;

Como?

  1. Veja se o contrato informa a soma total a pagar com e sem financiamento;
  2. Verifique se há multa por atraso, taxa de evolução de obra, ou encargos ocultos;
  3. Consulte um advogado para contratos imobiliários e contratos financeiros.

Um advogado para juros abusivos pode analisar:

  • Se há juros imobiliários ilegais;
  • Se o contrato viola o direito à informação do CDC;
  • Se é possível recalcular as parcelas com base em juros simples;
  • E como se proteger antes de assinar.

Conclusão

Comprar um apartamento na planta é uma grande conquista — mas também uma enorme responsabilidade contratual.

📌 Facilidade de entrada, parcelas pequenas e promessas vagas são sinais claros de que você precisa olhar o contrato com mais cuidado.

Evite surpresas no futuro.
Assine com consciência, clareza e apoio técnico.

🟢 Envie o seu Contrato Agora


📘 Sobre o Autor

Cleverson Giovanni Bertotti, advogado inscrito na OAB/PR nº 64.804, atua desde 2012 com foco em Direito Bancário e Imobiliário.
Especialista em revisão de contratos financeiros, possui diversos cursos de perícia bancária e já ajudou centenas de consumidores a enfrentar juros abusivos e dívidas bancárias em todo o país.


Veja Mais