Você precisa saber: é possível reduzir parcelas que sobem indevidamente, entenda seus direitos

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Você já percebeu que o valor das parcelas do seu financiamento direto com a loteadora ou construtora sobe mês após mês — mesmo sem atraso no pagamento?

Essa situação é mais comum do que parece. Muitos consumidores acreditam que o reajuste é “normal” ou “legal”, mas, em vários casos, o aumento se deve à aplicação indevida de juros capitalizados — prática considerada abusiva pela legislação e pela jurisprudência atual.

Se você enfrenta esse problema, saiba que existe um caminho legal para resolver a situação — e nem sempre ele começa no Judiciário.


📈 Por que as parcelas sobem tanto?

Nos contratos firmados diretamente com loteadoras e construtoras (fora do sistema bancário), é comum encontrar cláusulas que:

  • Combinam IGP-M ou outro índice de correção monetária com juros fixos mensais ou anuais;
  • Utilizam sistemas de amortização com capitalização de juros, como a Tabela Price;
  • Não deixam claro o valor do lote À VISTA e o total a pagar COM FINANCIAMENTO.

Esse conjunto de cláusulas pode fazer com que o valor das parcelas aumente progressivamente — e sem que o consumidor compreenda exatamente por quê.


❗ Isso é legal?

Nem sempre. O Código de Defesa do Consumidor proíbe cláusulas que gerem vantagem excessiva para o fornecedor, e a capitalização mensal de juros não é permitida para empresas que não fazem parte do sistema financeiro.

Além disso, o artigo 52 do CDC obriga o fornecedor a informar claramente o valor total a ser pago, com e sem financiamento. A omissão desses dados pode indicar falta de transparência contratual.


🤔 O que o consumidor pode fazer antes de buscar a Justiça?

Veja os passos indicados:

Antes de qualquer medida judicial, é recomendável tentar a solução diretamente com o fornecedor.


1. Solicite esclarecimentos à loteadora ou construtora

Peça, por escrito:

  • Demonstrativo do cálculo das parcelas;
  • Explicação da taxa de juros aplicada;
  • Valor total a pagar com e sem financiamento.

Se a empresa se recusar ou não responder adequadamente, siga para o próximo passo.


2. Procure o Procon

Apresente cópia do contrato, comprovantes de pagamento e sua reclamação formal.

O Procon poderá:

  • Mediar uma solução;
  • Notificar a empresa;
  • Identificar indícios de cláusulas abusivas.

3. Caso não resolva, consulte um advogado especializado

Se mesmo após esses esforços o problema persistir, a orientação é procurar um advogado para revisão de contrato de lote ou imóvel, que poderá:

  • Analisar tecnicamente o contrato;
  • Simular os valores com e sem capitalização de juros;
  • Verificar se há base legal para uma ação revisional;
  • Buscar a redução das parcelas e, se for o caso, a devolução de valores pagos indevidamente.

✅ A ação revisional é o último recurso — mas pode ser necessária

A ação revisional é um instrumento legal que permite ao consumidor questionar cláusulas abusivas e exigir a adequação do contrato aos limites legais.

Se ficar comprovado que houve cobrança excessiva de juros ou desequilíbrio contratual, o juiz pode determinar:

  • Recalculo das parcelas com base em juros simples;
  • Suspensão da capitalização mensal;
  • Correção do saldo devedor;
  • Eventual devolução de valores pagos a mais.

Tudo isso com base na legislação de defesa do consumidor e nos princípios de boa-fé contratual.


🤓 Perguntas frequentes

“Posso revisar um contrato antigo?”

Sim. Especialmente quando o contrato ainda esteja em vigor (parcelas em aberto), é possível buscar a revisão. Após a quitação, o prazo prescricional é de dez anos.


“Preciso entrar com processo logo?”

Não necessariamente. Sempre recomendamos esgotar as tentativas extrajudiciais primeiro — diretamente com a empresa ou com o Procon.


“Meu contrato é com a loteadora. Posso revisar?”

Sim. Especialmente se há sinais de juros abusivos, como aumento constante das parcelas sem explicação clara.


🔍 Conclusão

Você não precisa aceitar que o valor das parcelas aumente indefinidamente. Existem caminhos legais para buscar equilíbrio e justiça contratual.

Antes de recorrer à Justiça, tente contato com a empresa e com o Procon. Mas se não for ouvido, a ação revisional pode ser a solução definitiva para proteger seu orçamento.

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