Cuidado: “Empresa que Zera Dívida” — A Armadilha que Pode Acabar com Seu Negócio

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Se a sua empresa está muito endividada, é natural procurar solução rápida.
Mas há um mercado sombrio que explora exatamente essa urgência: empresas e correspondentes que prometem “reduzir”, “quitar” ou até “zerar” dívidas mediante pagamento único ou orientação para parar de pagar e esconder bens.

Antes de entregar qualquer valor ou seguir conselhos desse tipo, leia isto com atenção.


O que essas empresas costumam prometer — e por que é tudo perigoso

As promessas mais comuns:

  • “Pare de pagar que a gente resolve.”
  • “Esconda o carro/maquinário e o banco não vai conseguir apreender.”
  • “Pague uma taxa única que nós negociamos tudo e zeramos sua dívida.”
  • “Temos um método exclusivo, sem risco legal.”

Por trás da linguagem sedutora, há riscos concretos:

  • Nenhuma dívida some por ação extrajudicial de empresas privadas.
  • Ocultar bens dados em garantia ou orientar à inadimplência deliberada pode configurar fraude e agravar sua exposição: o banco ingressa com busca e apreensão, execução ou ação indenizatória por perdas e danos.
  • O veículo que “você esconde” é o mesmo que sustenta sua operação — perder esse bem pode significar a parada do negócio.
  • Muitas dessas empresas somem, mudam sócios, mudam endereço ou têm centenas de processos contra si em tribunais de todo o país.

Quais as consequências reais — além de perder o dinheiro pago a essas empresas

  1. Execução acelerada e busca e apreensão do bem: se havia garantia real (financiamento, alienação fiduciária), o credor pode requerer a busca e apreensão judicial do bem.
  2. Conversão em ação indenizatória: o credor pode alegar perdas e danos em razão da ocultação/omissão e cobrar valores adicionais.
  3. Penhora de outros bens e direitos: contas bancárias (SISBAJUD), recebíveis de cartão, duplicatas, estoques, máquinas, imóveis — tudo pode ser alcançado na execução.
  4. Processos judiciais múltiplos: além da cobrança, surgem ações de indenização, pedidos de antecipação de tutela, e bloqueios que paralisam a operação.
  5. Perda do capital pago à “empresa negociadora”: quando o operador some, o empresário fica sem o dinheiro e sem solução.
  6. Risco penal e de responsabilização de gestores: dependendo da conduta, pode haver investigação por eventual fraude ou participação em conduta ilícita — e isso complica ainda mais a vida da empresa e de seus sócios.

Por que essas empresas conseguem operar — e por que não se pode confiar nelas

  • Não são reguladas pela OAB quando não são escritórios de advocacia; oferecem “serviços” sem responsabilidade jurídica qualificada.
  • Muitos correspondentes atuam na linha cinzenta: prometem “negociação”, mas fazem orientações que incentivam o descumprimento contratual.
  • Sócios e endereços mudam com facilidade; processos se acumulam, e o consumidor não tem amparo real quando a prática é ilícita.
  • Notícias e decisões judiciais em todo o Brasil já apontaram centenas de casos em que essas empresas causaram prejuízos ainda maiores que a dívida inicial.

O que é a alternativa correta — e por que o advogado bancário é essencial

O caminho seguro para reestruturar dívidas não passa por atalhos ilícitos. Passa por:

  1. Diagnóstico completo de passivo e fluxo de caixa — entender o problema financeiro real.
  2. Análise detalhada de contratos — identificar juros abusivos, capitalização indevida, tarifas ilegais, cláusulas que possam ser revistas.
  3. Estratégia de negociação ou de contencioso — tentativa de acordo bem fundamentado ou proposta de revisão/ações judiciais quando couber.
  4. Proteção patrimonial técnica — evitar garantias desnecessárias e proteger bens essenciais à operação.
  5. Negociação com lastro jurídico — propostas com argumentação técnica têm mais chance de sucesso e não expõem o empresário a riscos penais ou de execução.

Um advogado especialista em direito bancário atua como parceiro estratégico: mapeia riscos, negocia com segurança e adota as medidas judiciais necessárias para reduzir encargos, evitar perda de bens e recuperar a operação.


Passos práticos que você deve tomar — já

  • Não pague taxas abusivas a empresas que prometem “milagres”.
  • Não esconda bens e não deixe de cumprir contratos por orientação de terceiros sem respaldo jurídico.
  • Reúna contratos, extratos e comprovantes (Registrato, extrato bancário, parcelas pagas, contratos de financiamento).
  • Solicite uma análise técnica antes de aceitar qualquer proposta de “renegociação” externa.
  • Desconfie de soluções que prometem “zerar” dívidas.

Exemplo realista (resumido)

Um comerciante com financiamento de veículo e dois empréstimos pessoais foi orientado por uma empresa a “esconder o carro” e pagar uma taxa para “forçar o banco a aceitar um acordo”. O carro foi apreendido, a empresa sumiu, e o comerciante enfrentou: execução dos demais contratos, penhora de recebíveis e a necessidade de ingressar com ação indenizatória contra a empresa negociadora — sem garantia de recuperação dos valores pagos. Resultado: dívida maior, negócio paralisado e exposição processual.


Por fim — o aconselhamento que vale ouro

Quando as dívidas ainda podem ser organizadas, o momento certo de agir é agora. Antes de assinar, pagar ou seguir orientações milagrosas, consulte um profissional qualificado.

O advogado bancário é mais do que um consultor: é um parceiro estratégico que preserva a empresa, analisa riscos e constrói soluções reais — e legais — para renegociação, revisão de contratos e defesa patrimonial.

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